Blog do Emanuel Mattos

domingo, 4 de novembro de 2007

Roberto Bolaño é imperdível



O escritor chileno Roberto Bolaño foi minha maior descoberta literária de 2007. Fiquei fascinado com sua novela "Noturno do Chile", de 118 páginas. Depois aventurei-me nas 622 páginas de seu polifônico romance "Os Detetives Selvagens". Morto em 2003, aos 50 anos, deixou obras notáveis. Três foram selecionadas esse ano entre as 100 melhores novelas escritas em língua espanhola desde 1982: Os Detetives Selvagens (3º lugar), “2666” (4º) e Estrela Distante (14º). À frente, Gabriel Garcia Márquez (O amor nos tempos do cólera) e Mario Vargas Llosa (La fiesta del chivo).

Em sua última entrevista, três semanas antes de sua morte, Bolaño, então gravemente enfermo, afirmou em Barcelona, onde viveu seus últimos anos à espera de um transplante de fígado: “Prefiro morrer em plena lucidez a morrer (como vários escritores) fazendo tontices”.

A partir de 1999, quando recebeu o prêmio Rómulo Gallegos por "Os Detetives Selvagens", passou a ser cultuado por jovens escritores, pela mídia cult e por críticos literários, em especial no Chile, para onde jamais retornaria desde sua fuga de um campo de concentração de presos políticos em Concepción, auxiliado por um policial que o reconheceu como ex-colega de colégio.
Francisco Hardman, professor de Teoria e História Literária escreveu no Caderno 2 de O Estado de S.Paulo:
"Nenhuma presunção e muito menos misticismo irrompem das múltiplas vozes, centenas de histórias e milhares de páginas de Bolaño. Seu infrarrealismo volta sempre ao plano da lucidez mais meridiana. Nas linhagens longínquas, Cervantes acompanhou, certamente, nosso iluminado escritor.
O próprio Bolaño, ao citar Cervantes, afirmou: “Tudo que escrevi é uma carta de amor ou de despedida a minha própria geração, os que nascemos na década de 50”. E adiante: “A América Latina está semeada com os ossos destes jovens esquecidos”.
Por tudo isto, Roberto Bolaño é imperdível.

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