Blog do Emanuel Mattos

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sobre censuras e tolices



O livro “Memórias de minhas putas tristes”, de Gabriel García Márquez, acaba de ser banido com estardalhaço pelo governo do Irã um mês depois de ter sido publicado. Alegação: é “imoral”.

A história de um velho jornalista que decide comemorar seus 90 anos com uma jovem virgem é um hino de louvor à vida e ao amor. “Um conto de fadas sentimental, implacável, sábio e irônico”, sintetiza a resenha.

Ao ler a notícia lembrei do que ocorreu durante o relançamento de “Claudinha no ano da loucura”, do grego Alexandros Evremidis, em São Paulo. Uma senhora pegou o livro, leu alguns trechos e o jogou de volta no balcão, exaltada:
- Isso é pedofilia!

Trata-se da paixão de um homem maduro por uma ninfeta nos loucos anos 70, no Rio de Janeiro. Carlos Heitor Cony escreveu: “A crítica acusou em Evremidis a fixação no sexo, naquilo que poderia parecer um gênero pornô. Se assim é, viva a pornografia! Tanto em ‘Melissa’ como principalmente em ‘Adeus Grécia’ (livros anteriores do autor) corre bastante esperma – como na vida real”.

Li 'Memórias' e 'Claudinha' esse ano. Emocionei-me com as 127 páginas do primeiro romance que Gabriel García Márquez publicou depois de dez anos. Uma pequena obra-prima do Prêmio Nobel de Literatura de 1982.

Sobre o livro de Alexandros Evremidis, comentei: “Encantou-me a naturalidade com que escreve. É como alguém sentado ao teu lado, contando uma história tão fascinante que você não sente o tempo passar”.

Proibir “Memórias de minhas putas tristes” e considerar como pedofilia “Claudinha no ano da loucura” não é censura.
É tolice.

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