Blog do Emanuel Mattos

domingo, 18 de novembro de 2007

Sergio Faraco, a lição do grande escritor


O escritor Sérgio Faraco foi eleito Personalidade do Ano no Prêmio Fato Literário da 53ª Feira do Livro de Porto Alegre. Ao agradecer, resumiu a seriedade com que encara o ofício: “Um reconhecimento como este não faz com que alguém escreva melhor, mas estimula esse alguém a alcançar a última fronteira de sua capacidade”.

Segundo o Caderno de Cultura de Zero Hora, “Faraco dedica semanas, meses e até anos à escritura e a reescritura de cada texto”. Ele justifica: “Persigo a tradução daquilo que me levou a escrever, em termos tão naturais e convincentes que, pronto o texto, o leitor possa sentir, com verossimilhança, tudo o que eu senti”.

- Não teme o risco de, ao burilar tanto o texto, perder a fluidez mais natural?, perguntou o repórter Eduardo Veras.

- Não, eu trabalho justamente para conseguir essa fluidez, essa naturalidade. Já dizia Quintana, com muita sabedoria, que na literatura há uma grande diferença entre o espontâneo e o natural. O espontâneo é aquilo que jorra e, no mais das vezes, é mero desabafo, mera expressão sentimental, e então é o cinzel que vai elevá-lo à naturalidade, que é um outro nome da expressão literária.

Considerado um dos principais contistas do país na atualidade, Faraco recebeu o Prêmio Nacional de Ficção, atribuído pela Academia Brasileira de Letras à coletânea “Dançar tango em Porto Alegre” como a melhor obra de ficção publicada no Brasil em 1998.

A respeito de seu livro "Contos Completos”, Miguel Sanches Neto escreveu em O Estado de S.Paulo: "É o momento de consolidação de uma vocação vigorosa. Faraco conseguiu dar a esse inventário uma unidade invejável, demonstrando que suas histórias, jamais frutos do acaso, estão estruturadas a partir de uma visão de mundo bem delineada e coerente".

O livro é dividido em três partes. Na primeira, com 14 contos, estão as narrativas que se passam em um outro tempo, na zona fronteiriça (Faraco nasceu dia 25/7/1940, em Alegrete) representada pela linguagem de seus habitantes e sua maneira de ver o mundo.

Os 17 contos da segunda parte “remetem também a um tempo mítico, já não mais ligado a um espaço de exceção São histórias que focalizam a infância, seus dramas e valores em saudável desarmonia como modus vivendi dos adultos”.

A terceira parte contém 29 dos 60 contos e “coloca em cena o homem na cidade grande, tentando ludibriar sua solidão. O contista se dedica a essa fauna que, perdida no abismo entre o passado e o presente, procura compensar o sentimento da incompletude através da amizade e principalmente da relação sexual”.

“São esses três tempos que Sérgio Faraco nos apresenta em narrativas que primam pela clareza, pela concisão e pelo poder de arrebatamento do leitor”, finaliza o texto de Sanches Neto na apresentação de “Contos Completos”, da L&PM Editores.

Leia essa obra magnífica porque, ao final, das duas uma: ou você aprende a escrever de verdade ou se torna um excelente leitor.

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