Blog do Emanuel Mattos

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Como tentei vender Kaká à Juventus *

Kaká poderia ter sido estrela da Juventus

* Da série: Acredite se quiser (1)

Há fatos que vivi aparentemente inverossímeis.
Portanto, ninguém é obrigado a crer no que segue. Até porque não há testemunho, nem comprovação.

Desde pequeno sou torcedor de três times: Grêmio, Vasco e Juventus, da Itália. Contraponto à saudável rivalidade que tinha com meu irmão Ícaro, igualmente gremista, mas Botafogo no Rio e Milan na Itália.

Nos anos 60, ouvíamos os jogos pelo rádio e acompanhávamos o campeonato italiano através da Folha da Tarde Esportiva – jornal impresso na cor azul.

Vida que segue, tornei-me jornalista e trabalhei inicialmente no setor de esportes, tendo participado de duas Copas do Mundo: Argentina em 1978, pelo jornal Zero Hora e Espanha em 1982, na Revista Placar.

Mais tarde atuei no setor de política e especializei-me em campanhas eleitorais, algumas com participação decisiva. Um dia eu conto tudo, em detalhes.

Atualmente, passo parte do tempo conectado à Internet, pela qual acesso aos sites mais inacreditáveis.

Em 2002, a Juventus não tinha um craque à altura do clube mais poderoso do mundo – a FIAT (Fabbrica Italiana Automobili Torino) dona da Ferrari na Fórmula-1, é acionista desde que Edoardo Agnelli, filho do fundador da Fiat, foi presidente da 'Società'.

No ano anterior, o clube havia vendido seu principal ídolo, o filho de imigrantes argelinos Zinedine Yazid Zidane, ao Real Madrid.

A Juventus precisava de um astro para satisfazer os desejos da maior torcida italiana. Sobrava-lhe condição financeira para comprar qualquer jogador do Planeta.

Nessa época, Kaká, de recém completados 20 anos, ainda era reserva do São Paulo, mas já vinha sendo convocado para as seleções de base do Brasil.

Foi então que me meti de pato a ganso e arrisquei um tiro na Lua. Localizei o site da Juventus de Turim.


Enviei ao endereço um texto, no qual identifiquei-me como juventino desde criança e cronista esportivo. Fiz um longo e consistente arrazoado sobre Kaká.

Entre os argumentos, assegurei que Kaká tinha características semelhantes às do francês Michel Platini, que conquistou três títulos italianos (82, 84 e 86) a Copa dos Campeões da Europa e o Mundial de Clubes em 1985, pela Juventus, até se aposentar em 1987.

Creio que nunca saberei se alguém da ‘Vecchia Signora’ (apelido do clube fundado em 1897) tomou conhecimento desse e-mail. Deve ter sido descartado por algum Aspone (Assessor de Porra Nenhuma).

Em 2003, ano seguinte ao e-mail enviado para o site da Juventus, Kaká foi vendido pelo São Paulo ao Milan por irrisórios 8,5 milhões de dólares (compare: e
sse ano o Internacional vendeu o atacante Alexandre Pato, ao mesmo Milan, por 38 milhões de dólares).

Três anos depois, em 2006, a Juventus foi rebaixada à segunda divisão e teve dois títulos italianos cassados (2004/2005 e 2005/2006), pelo envolvimento em um gigantesco escândalo de partidas arranjadas.

Hoje, ao ver o ainda jovem Ricardo Izecson dos Santos Leite, o Kaká, eleito melhor jogador do mundo, penso no que teria acontecido se aquele e-mail enviado à Juventus tivesse parado nas mãos de algum dirigente que levasse à sério o torcedor brasileiro que um dia ousou indicá-lo ao clube italiano de seu coração.

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