Meus caros amigos de Floripa
Lembro bem dessa paixão. De férias, ele foi meu hóspede na casa em que morei no verão de 1986, quando participei do grupo que lançou o Diário Catarinense. Como eu ainda não tinha trazido os móveis, o Sant’Ana passou duas semanas em condições precárias: numa com a mulher, na outra com o filho. Ele dormia no chão, feliz da vida. Hoje possui residência própria no norte da Ilha. Mas não esqueceu dessa época, que recordamos há dias em uma confraria.
Daquele tempo guardo a foto acima, feita em uma das salas do prédio onde ainda hoje é a sede do Diário Catarinense, no bairro Itaguaçu. Foi num sábado. À noite houve uma incrível festa à fantasia num sítio em Massiambu, local desconhecido pela maioria. Tanto que alguns sequer conseguiram encontrá-lo, como foi o caso do Sérgio Bueno. No dia seguinte ríamos dos relatos de quem botou os nativos pra correr ao pedir informações vestindo trajes bizarros.
Na foto, da esquerda para a direita, esse relator (já apelidado de “Sultão” – leia o texto “O Sultão em Tempos Heróicos”, de 9/11) -; Luiz Zini Pires - hoje na Zero Hora – (segurando o suplemento literário com o título “Cervantes”); Breno Maestri, com aviso afixado “O Próximo” (recado à ZH de que viria para o Diário), e Pedro Macedo (auto-intitulado “O Fodão do DC”), tendo atrás dele o escritor aventureiro e editor da Letras Brasileiras, Jakzam Kaiser.
Os cinco fizeram parte da equipe que produziu a quantidade recorde de exatas 50 edições experimentais antes de ser lançado o Diário Catarinense, em maio daquele ano, depois de dois adiamentos. Como pode atestar o diretor industrial Cláudio Sá, um dos pioneiros.
Da festa à fantasia participaram, além dos citados, a Chuchi Silva, Eduardo Tessler, Sílvio Bressan, Paulo Bordin, Sérgio Homrich, Milton Rauber, Francisco Schuster e Éber Borba. Devo ter esquecido a metade. Todos com exóticas produções, comprovadas em fotos.
Há dias enviei um e-mail ao Sílvio Bressan, que vive em São Paulo, pois não tenho nenhuma foto com ele presente. A resposta veio debochada: “Eu estava, mas como um discreto 'Dick Tracy' que não chegou a ser muito notado diante de tantas 'divas' esfuziantes.”
Faço esse registro afetivo porque interrompo alguns dias a postagem a fim de retornar à Ilha de Santa Catarina, onde vivem o Breno e a Chuchi (com os filhos Enzo, Franco e Gianna); o Jakzam e a Tetê (com os filhos Gabriel e Felipe), a Jacqueline Iensen, o Paulo Scarduelli, entre tantos que pretendo rever. Vou como convidado a testemunhar o compromisso amoroso de um casal muito querido.
Na crônica citada no início, Paulo Sant’Ana diz que “o prazer se consagra quando um garçom me traz uma bandeja enorme de grandes camarões frescos, pescados no dia anterior, alho e óleo” (...) na tarde calma e serena da praia (...) onde uma felicidade plena cobre a pele da gente e se derrama sobre a mente e o coração”.
Deixarei as delícias da mesa – e todos os camarões – reservados para as férias do Sant’Ana. Mas não abro mão da tal felicidade.
Ao caminhar na areia recordarei o ano de 1956 quando, de calças curtas e mãos dadas com meu pai, o radialista José Mauro, estive em Balneário Camboriú na campanha de Jorge Lacerda ao governo.
Mas, principalmente, quero rever aquele marzão que circunda as paradisíacas praias de Floripa ao lado dos amigos que permanecem lá e tanto contribuíram para tornar inesquecível aquele ano de 1986.
Marcadores: Diário Catarinense, Letras Brasileiras, Sultão, Tempos Heróicos